Slow Medicine

Por que eu escolhi a Slow Medicine?

Minha caminhada para a medicina sem pressa foi um desdobramento de uma jornada pessoal em busca de autoconhecimento. Percorri, de forma acelerada, um longo trajeto que me trouxe até aqui. Foi fundamental seguir o roteiro clássico cursinho-universidade-residência-especialização para alcançar meus objetivos e ter acesso às ferramentas necessárias para exercer minha profissão com sabedoria. Mas foi no roteiro alternativo da minha viagem para dentro que, verdadeiramente, me encontrei com a médica que eu gostaria de ser. Foi quando entendi que o ritmo frenético dos plantões e das consultas rápidas preenchia meus bolsos, mas me esvaziava, que decidi desacelerar para exercer a medicina com mais propósito e realização.

O meu propósito é acolher e amparar pessoas para empoderá-las a vivenciarem uma sexualidade saudável e para se reconectarem afetivamente com seus corpos. E como todo propósito aponta um caminho, foi assim que cheguei na Slow Medicine, afinal de contas, não dá para conversar sobre sexo em uma consulta rapidinha.

Se isso faz algum sentido para você, abre a roda e pode se achegar.

 

 

Como criei o conceito de ginecologia circular?

Primeiro idealizei como seria a consulta que eu gostaria de receber, como mulher, para depois avaliar se seria possível ofertar essa experiência a outras mulheres, como médica.

O nome foi chegando de mansinho. Pensei inicialmente na força da simbologia do círculo no universo feminino: somos cíclicas, curvilíneas e vamos muito bem quando estamos em roda. Depois me atentei à etimologia da palavra que compõe a minha especialidade. E achei potente compreender que como ginecologista, eu sou aquela que estuda a casa das mulheres, o meio ambiente em que elas vivem e a forma como se relacionam dentro do próprio lar.

Imaginei, então, quão incrível seria se a consulta ginecológica fosse tão leve quanto uma roda de conversas entre mulheres. Com espaço para troca de experiências e tempo para criar conexões verdadeiras, com afeto, sororidade e acolhimento. Que amparasse as nossas dores, respeitasse as nossas vivências e valorizasse as nossas próprias percepções sobre nossos corpos, sem ignorar a diversidade do que representa ser mulher na nossa sociedade.

E foi assim, imaginando a consulta que eu gostaria de receber como paciente, que surgiu a necessidade de criar a minha própria linha de cuidado, amparada pelos princípios da Slow Medicine.

 

Como funciona a minha consulta?

Uma consulta da hora. Foi o que idealizei quando criei o conceito de Ginecologia Circular. Foi sonhando com o atendimento que eu gostaria de receber como mulher que projetei como seriam as consultas que eu ofereceria como médica. Pensei em como seria incrível se a consulta ginecológica fosse tão leve quanto uma roda de conversas entre mulheres: com tempo para troca de experiências, conexões verdadeiras, afeto, apoio e acolhimento.

Uma consulta de uma hora. Foi a maneira que encontrei para tornar isso possível. Estruturei uma agenda que comportasse atendimentos longos com uma folga estratégica entre as consultas. Uma pausa para o respiro é fundamental para eu tomar um fôlego (ou um café) antes de me aprofundar em outras histórias. Vez ou outra, essa pausa vira pretexto para uma esticada em consultas uma pouco mais demoradas.

Eu acredito na conversa como ferramenta terapêutica e na poesia como forma de conexão. Por isso, considero cada consulta como um encontro poético. Afinal, nada mais lírico do que falar fácil sobre o que é difícil. Talvez alguém saia do consultório com a sensação de ter passado a tarde jogando conversa fora. Essa é a proposta: jogar fora, junto com a conversa, os traumas, os mitos e as crenças que impedem a vivência de uma sexualidade positiva e saudável e compartilhar as dores e delícias de sermos mulheres em nossa sociedade. Se isso faz algum sentido para você, abre a roda e pode se achegar. Mas vem com tempo que eu vou com calma.